quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sexualidade - Mitos e Tabus - Quebrando preconceitos...

Ao longo dos anos, alguns mitos foram  se desenvolvendo e criando fortes raízes na crendice popular. Para o melhor desenvolvimento de sua saúde sexual e o exercício pleno de sua sexualidade é importante conhecê-los, sabendo, no entanto, que nenhum deles é verdadeiro.

“Os idosos que não praticam sexo são os que tem mais saúde"


Esse é um mito falso. Na verdade, se dá justamente o contrário, fazer sexo nessa idade pode contribuir para a saúde de quem o faz. Estudos mostram que   o exercício da sexualidade é uma das atividades que contribui para a qualidade de vida do idoso3 e também traz benefícios para o idoso aproveitar uma saúde  integral². Além de que se manter sexualmente ativo na velhice, fazendo sexo com regularidade, ajuda a manter os órgãos sexuais saudáveis4. Também é visto que as vivências sexuais dão a chance de expressar sentimentos além de fornecer provas afirmativas de que se pode contar com o corpo e seu funcionamento, o que estará promovendo a emoção e alegria de se estar vivo e ainda vale ressaltar que é possível se vivenciar a sexualidade de forma saudável e prazerosa na velhice, mesmo que  em alguns casos, devido há algumas limitações físicas, seja necessária alguma adaptação5.

"A mulher tem menos necessidade de sexo do que o homem"


Para o ser humano, o sexo e a sexualidade não são somente para a reprodução. Somos seres sociáveis e a atividade sexual vem para satisfazer o desejo sexual de homens e mulheres. É algo que aumenta a intimidade e companheirismo do casal, não só do homem. Tanto o organismo do homem quanto o organismo da mulher, independentemente da idade após a puberdade, tem desejo sexual e se mantém saudável quando pode realizar este desejo6.

"O desejo e a potência sexual diminuem sensivelmente depois dos 40 anos"


O sexo na idade madura é sexo por si mesmo, prazer, liberação de tensão, comunicação, intimidade partilhada. Esta liberdade pode ser estimulante e criar um novo discernimento especialmente para aqueles que, literalmente, nunca tiveram tempo para refletir sobre si mesmos. O desejo e a potência sexual não estão relacionados com a idade, ela não dessexualiza o indivíduo. A qualidade da resposta pode até mudar para melhor, pois a experiência ajuda, e não podemos esquecer de que há modificações quantitativas e qualitativas. O homem ou a mulher só não vão apresentar respostas relacionadas a sua potência sexual se estiver presente um bloqueio físico ou psicossocial7.

"Sexualmente, a mulher é passiva e o homem é ativo"


Quando fala-se em sexualidade tem que se ter em mente que tanto é da ordem do biológico quanto do social, uma construção social em torno do sujeito que se dá ao longo da vida. Quando falamos em mulher nos remetemos à maternidade, à família, e o homem, o provedor e protetor dessa família. Todavia, na descrição desses papéis tem-se a distribuição de funções que por vezes levam as mulheres a cumprirem em definitivo determinadas funções limitantes. Dentro das relações sociais construídas as mulheres não devem estar passivas, e relação sexual faz parte dessas relações, um momento que envolve a intimidade da mulher com seu companheiro, esse momento deve estar envolto em toda forma de carinho e bem estar para ela e para ele. Ela deve viver de forma que lhe traga prazer, sem restrições e sem limitações, sendo o seu prazer o elemento norteador do seu comportamento8.

"As mulheres não se masturbam. As que se masturbam sentem-se culpadas"

Inicialmente era considerada prática exclusivamente masculina, sendo posteriormente admitido que as mulheres também a adotavam. Entretanto, elas se masturbam menos que os homens e apresentam maiores dificuldades em falar, bem como admitir essa prática. A culpa pode ocorrer tantos nos homens quanto nas mulheres, principalmente nos indivíduos que possui alguma devoção religiosa. Os católicos devotos, os protestantes e os judeus ortodoxos são masturbadores menos ativos do que os homens e mulheres não religiosos ou menos religiosos9.

"A menopausa assinala o fim da vida sexual da mulher"

Na verdade não podemos pensar em fim de vida sexual visto que ela estará sempre presente em todas as fases da vida, claro que variando de pessoa para  pessoa, e tendo suas peculiaridades. Dependendo da fase, sendo verdade que com o tempo há um certo declínio da capacidade física, podemos pensar que há um enriquecimento de outras demais instâncias e seus componentes2. A menopausa pode influenciar de forma negativa o interesse e o desejo sexual, mas é importante se ter em mente que para qualquer ser humano os fatores psicossociais podem ser de maior peso, principalmente em nossa sociedade que valoriza mais o jovem e desvalorizam as mulheres que chegaram ao final de sua fase reprodutiva10. Porém, é importante frisar que a mulher nessa fase continua a sentir prazer, seu corpo continua erótico e erotizável, não deixando de manifestar amor e sexualidade, e que outros fatores que não só declínio físico e hormonal podem estar influenciando na vida sexual nessa fase, mas também a vida conjugal, o tipo de companheiro, relações de poder, de atividade-passividade, manifestações e papéis culturais11.

“As pessoas não  devem ter prazer com o sexo,  devendo somente  procriar”

A família dever saber que o idoso não é “velho sem-vergonha” nem “pervetido” por possuir e manifestar necessidades sexuais.O mito sarcástico de velhos sem vergonha, estigmatiza as pessoas idosas que se interessam pela sexualidade, ainda continua pesando muito e não é fácil de superar. Os idosos sente-se inseguros quanto à continuidade de suas relações sexuais porque a família condena essas práticas por meio de opiniões dogmáticas e falsas crenças. Com tudo isso, acabam resignados a ocultar essa dimensão tão importante de sua personalidade por medo do ridículo ou do escândalo. Os membros da família e os anciãos devem compreender que os diversos tipos de expressão sexual que desenvolvem em sua idade são normais, convencendo-se de que o estereótipo  “demasiado velho para pensar em sexo”, e remorsos que este gerou, entram na esfera de alguns mitos cuja falsidade foi demonstrada há tempo. Os familiares e pessoas dedicadas ao cuidado dos idosos não devem considerar suas expressões sexuais como perversões, imoralidades e desvios, e muito menos pretender que signifiquem adeus à satisfação plena da sexualidade, em relação à qual tem limitações2.

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